quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Filtro



Existe um assunto que sempre foi ou sempre deveria ter sido de relevância e que com a internet parece tomar uma proporção mais séria. O assunto é a confiabilidade da informação e como selecioná-la.

Com o tempo passando e a tecnologia distanciando as pessoas (em termos de contato real) é normal que a informação comece a ser acessada muito mais virtualmente do que de qualquer outra forma. 

Eu pessoalmente, mesmo tendo apenas 23, ainda sinto um pouco a falta do contato com o papel, do contato olho no olho. 

No contato olho no olho pode-se avaliar melhor qual é a reação da pessoa a cada coisa que ela mesma fala ou que você fala. Mesmo um bom mentiroso não é perfeito. Sempre haverá como pegar a pessoa num momento ou em outro. Penso que isso facilita a seleção da informação.

Por outro lado fico pensando que, em termos de averiguar a veracidade da informação, o livro não se diferencia muito da internet. O acesso ao autor era até mais difícil (quando a internet não era tão usada) do que é hoje. Então o homem confiava simplesmente no nome da empresa ou na quantidade de vendas do livro. 

Mesmo assim ainda tenho a impressão, que acho que muitos também têm, de que o livro passa mais credibilidade. Imagino que tudo se deva ao fato de que existe muito mais do que podemos ver no mundo virtual. 

Acho que acabamos nos apegando a um livro. O livro começa e acaba ali onde se pode ser. Essa ideia tão concreta de tamanho penso que acaba passando mais segurança. Pelo menos aos mais velhos (me acho velho às vezes). 

O virtual parece ter caído como uma luva para aqueles que gostam de se esconder por traz de fachadas para enganar. Acho que isso e uma certa resistência a mudar de paradigma acabam fazendo com que muitos sintam uma desconfiança pelo virtual e tecnológico.

De qualquer forma é totalmente natural, e acredito que também necessário, desconfiar. A desconfiança pode ser uma benção se usada moderadamente. Natural do povo mineiro, esse atributo em doses moderadas vai te permitir receber uma informação e questionar a veracidade do que se lê para pelo menos garantir que você não está aceitando qualquer coisa a qualquer hora. 

É saber que aquilo que se lê não é totalmente confiável, mas que tem valor. Mais importante do que só isso eu acho que é a consequência natural dessa atitude. Acredito que quando você souber ouvir de tudo avaliando o que é bom ou não você se torna mais inteligente, mais capaz de decidir, mais aberto a conversas com o outro. Enfim, uma pessoa muito melhor. E adquirir essa capacidade é muito difícil. É saber desistir momentaneamente das suas convicções para poder ver as do outro.

Pode reparar leitor que as melhores conversas da sua vida devem ter sido com pessoas que sabiam te ouvir, opinando e avaliando vários dos lados possíveis.

É utópico pensar que um dia todos vão saber selecionar perfeitamente a informação que recebem. É utópico imaginar que eu mesmo vou uma dia conseguir selecionar da melhor forma o que eu vejo, mas ainda sim acredito que tentando vou me tornando melhor. Um passo de cada vez, seja pra frente ou pra trás, mas sempre
dando o passo.

2 comentários:

  1. Gostei muito do texto.
    Concordo com você no que se refere à informação, mas acredito (ou tento acreditar) que a educação ajuda muito nesse aspecto. Quando se tem conhecimento as portas são várias mas as escolhas são mais sábias.

    Acredito na internet como uma fonte incrível de descobrimento. Só temos que aprender a lidas com ela e com nossos limites.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito válido. Um acesso bom à educação pode facilitar muito a hora da escolha.

      Obrigado pelo comentário

      Excluir